Depressão e a Psicanálise – Ana Amorim de Farias


 A depressão é  um transtorno de humor quando crônica, quando aparece durante episódios ao longo da vida de uma pessoa com determinada frequência e/ou quando é  um humor predominante de base. Ela compromete a saúde emocional, física e social da pessoa  se ela não busca ajuda  de um profissional. 

É fundamental ressaltar que depressão não é tristeza profunda. Importante não confundi-la com o humor deprimido de um enlutado ou de alguém que sofreu uma perda recente e que poderá entrar em um processo de dor que denominamos processo de luto ou tristeza profunda, que é uma variação de humor pela qual todos passamos  em nossas vidas, devido a perdas e/ou frustrações. A depressão afeta a concentração,
a autoestima, o sono, provoca pensamentos negativos e de inutilidade, apatia e
desesperança, entre outros.

a autoestima, o sono, provoca pensamentos negativos e de inutilidade, apatia e
desesperança, entre outros.

O sentimento de tristeza quase sempre tem uma causa identificável um fato ocorrido, uma perda ou uma frustração. A pessoa conhece a origem da sua tristeza, é capaz de entender a situação que está enfrentando. Apesar do abatimento que tende a permanecer por um breve período, ainda é possível sentir interesse por certas atividades.

Por outro lado, um quadro de depressão limita o funcionamento do indivíduo. E isso é  claramente perceptível no seu rendimento profissional, nos estudos, na vida social e no autocuidado. Até problemas físicos (somatizações da depressão) começam a surgir.

Quando é depressão, a pessoa não sabe reconhecer as causas do seu humor deprimido e não entende o motivo de tanta angústia.

Alguns sintomas da depressão:

  • humor deprimido;
  • perda de prazer;
  • alterações significativas no peso (para mais ou para menos);
  • insônia ou excesso de sono;
  • fadiga física e mental;
  • sentimento de culpa e desvalia;
  • dificuldade de se concentrar e tomar decisões;
  • ideação suicida;
  • humor irritável.

Na contemporaneidade há uma “proibição” de ficarmos tristes, além de  exigências quanto a perfeição e performances. Aspectos que exigem cada vez mais de nós e distanciam nosso eu do nosso ideal, o que é  causa de autocrítica, desânimo, desesperança em alcançar ideais como sucesso, riqueza, eterna juventude, corpo perfeito. Todos esses ditames  ferem nosso narcisismo e, dependendo de como foi nossa infância e história pregressa, nos tornamos mais propensos a  desenvolvermos quadros depressivos.

Diante dos dados de aumento de casos de depressão e de informações passadas pelas mídias esclarecendo sobre o assunto, felizmente  antigas crenças  estão caindo por terra — tais como: “depressão é frescura,” “é fraqueza”, “é necessidade de chamar atenção” ou até “é falta de Deus no coração”.

Há muitas pesquisas acerca da depressão, algumas reforçando causas exógenas (externas), outras, as causas endógenas (predisposição biológica), e outras entendendo a causa da depressão como multifatorial. Contudo, já se sabe que, para um tratamento ser realmente eficaz, as psicoterapias são indispensáveis.

Certamente, a terapia para depressão em Psicanálise é uma das formas mais eficazes de ajudar o paciente a entender e a lidar com a situação que ele enfrenta, buscando os aspectos da história pregressa da pessoa que sofre, da depressão e da relação da pessoa com seu sofrimento, assim como os aspectos inconscientes associados. 

Qual a história da depressão daquela pessoa? Qual a história daquela pessoa? Quais os seus sintomas, como ela fala deles, como se relaciona com eles? Como se relaciona com as pessoas a sua volta quando deprimida e quando não deprimida? E como as pessoas se relacionam com ela nos diferentes estados?

Essas questões serão ouvidas a partir da análise do discurso da pessoa, como a pessoa se conta para o analista em associação livre, falando de si sem a preocupação de ser coerente, sem se preocupar com julgamento ou com a ordem cronológica da sua narrativa. O analista ouve o que é dito e o que não é dito. As dores que são nomeadas e as que não puderam ser nomeadas. A voz do inconsciente. Ouvindo e cuidando do paciente como um todo, e não apenas dos seus sintomas.

O uso de medicamentos psiquiátricos

Em conjunto com a terapia psicanalítica, o uso de medicamentos pode ser importante quando  necessário. O psicanalista entende os medicamentos psiquiátricos como elementos auxiliares, que podem ajudar quando o paciente está em um grande sofrimento que poderia ser impeditivo até mesmo de investir no tratamento terapêutico.

A Psicanálise como terapia para depressão é um método que se ocupa da pessoa como um todo  na busca de  libertá-la dos seus sofrimentos e de ajudá-la  a encontrar suas potencialidades e realização  do seu SER.  A psicoterapia de base psicanalítica e/ou análise colabora para que o paciente consiga encontrar a raiz da sua questão, o que está “velado” e dolorosamente expresso em suas dores, e não apenas se livrar superficialmente de seus sintomas.

Ana Maria Amorim de Farias
Psicóloga e Psicanalista 

 


Psicóloga Ana Amorim de Farias

CRP 06/39859-9

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