RESUMO AULA: NEUROSE, PSICOSE E PERVERSÃO

Abaixo Resumo aula: Estruturas Clínicas para estudantes da área de saúde
A Psiquiatria Clássica considera que a doença
mental tem origem dentro do organismo. Busca a explicação dos distúrbios do
comportamento em uma possível disfunção ou anomalia da estrutura ou
funcionamento cerebral. Nesse sentido, existem mapas cerebrais que localizam em
cada área cerebral funções sensoriais, motoras, afetivas, de intelecção.  Nessa abordagem da doença, os quadros
patológicos são exaustivamente descritos no sentido de quais distúrbios podem apresentar.
Para
a Psicanálise, o que distingue o normal do anormal é uma questão de grau e não
de natureza.
Todos nos mediante a passagem pelo Complexo
de Édipo
e conforme somos atravessados pela falta e castração
nos situamos dentro de uma determinada estrutura psíquica.
Estrutura
psíquica
é um modo de funcionamento
diante da vida, de lidar com o próprio desejo e o desejo do outro, se
relacionar com o mundo, com o que nos faz falta e o que nos motiva.
De uma forma simplificada, castração é um
corte pelo qual todos nos humanos passamos ao nos defrontar com nosso desamparo
fundamental
, somos mortais, passiveis de adoecer, não podemos ser tudo
ou ter tudo
. Nem ser tudo para um outro nem ter um outro todo nosso. Nem
jamais formamos UM.
Mas,
o bebê quando nasceu não sabia disso, ele e a mãe-ambiente era um todo.
Não havia barreiras entre ele e este grande
Outro. Na verdade, não havia um EU. Este EU irá se constituir a partir desta
relação primeira com a mãe-ambiente.
A mãe certamente não pode viver exclusivamente
para seu bebê, este bebê não é um todo com a mãe e isso é fundamental.
Denominamos função materna a função de
acolher e interpretar o bebê, a criança, o paciente, ela é exercida geralmente
pela mãe no início da vida do bebê, mas é independe do gênero da pessoa que cuida
e é uma função ligado ao cuidado-acolhedor.
Denominamos de função paterna a função
da LEI, do NÃO, não se pode ser tudo, ter tudo. Esta função assim como a função
materna dão contornos a nossa experiência psíquica.
A psique é
estruturada de determinado modo. Cada estrutura exclui a possibilidade de
outra.  A partir do Complexo de Édipo
e da forma que a Função Materna e Função Paterna deram contorno a cada
sujeito temos três grandes estruturas:
Neurose, Psicose e Perversão.
NEUROSE: Origem da
palavra: Neuron (grego): Nervos –  Osis : Anormalidade
Nas neuroses “os sintomas” (distúrbios do
comportamento, das idéias ou dos sentimentos) são a expressão simbólica de um conflito psíquico. O
principal mecanismo de defesa na neurose é o RECALQUE.
As
neuroses podem ser subdivididas em:
NEUROSE
OBSESSIVA
Na neurose obsessiva
o que notamos mais frequentemente é a tentativa de organização, de organizar as
coisas ao redor para evitar o contato com o que foi recalcado. O contato com a
verdade do seu desejo e da sua falta.
O sujeito que se estrutura na neurose
obsessiva tende a atender as demandas do outro, da escola, do trabalho, do
parceiro de vida, de forma a não ter que entrar em contato com seu próprio
desejo, suas angústias e dificuldades mais profundas na relação consigo e com
os demais.
Pode ocorrer sintomas como:
comportamentos compulsivos, como por exemplo, lavar a mão com frequência não
usual ou mania extrema com ordem/limpeza; ter ideias obsedantes, por exemplo,
de que alguém pode estar perseguindo-o e, ao mesmo tempo, ocorre uma luta
contra esses pensamentos e dúvidas quanto ao que faz ou fez.
NEUROSE HISTÉRICA— Notamos na pessoa
que se estrutura dentro da neurose histérica uma queixa e busca incessante
concomitante a um desejo constantemente insatisfeito. O desejo tem como referencial sempre o
desejo do outro, estar na mira do desejo do outro.
Quando a sintomatologia mais frequentemente o conflito psíquico aparece através  de sintomas
corporais. Por exemplo, crise de choro com teatralidade, ou sintomas que se
apresentam de modo duradouro, como a paralisia de um membro, a úlcera etc.
Compreendendo
a neurose como uma estrutura podemos compreender os diferentes graus e
manifestações dos comportamentos que trazem mais ou menos sofrimento para o
individuo e aqueles que o cercam dependendo da historia infantil de cada um, os
fatores de vida atual e o contexto cultural que perpassa cada pessoa. 
Quadros clínicos comuns à Neurose: Transtorno
Obsessivo Compulsivo; Histeria; Transtornos Ansiosos; Transtornos Fóbicos;
Pânico; Quadros Depressivos
PSICOSE-
Na Psicose o mecanismo principal de defesa é
a foraclusão
(algo retorna de fora). Como vimos no
inicio da vida bebê e o ambiente são indiferenciados, na psicose temos a
formação do eu, mas em alguma medida um grau de indiferenciação permanece, ou
seja, uma não separação eu-outro.  Na paranóia o outro é um perseguidor por excelência,
na esquizofrenia o ego e a realidade mais evidentemente aparecem borrados.
No
surto psicótico a ruptura entre o ego e a realidade fica evidente e o ego fica sob
domínio dos impulsos, o que não foi foracluido volta desde fora (alucinações,
delírios, criações de oura realidade paralela).
As
psicoses subdividem-se em:
Paranóia
— é uma psicose que se caracteriza por um delírio mais ou menos
sistematizado, articulado sobre um ou vários temas. Não existe deterioração da
capacidade intelectual. Aqui se incluem os delírios de perseguição, de
grandeza.
Esquizofrenia
— caracteriza-se por: afastamento da realidade —o indivíduo entra num
processo de centramento em si mesmo, no seu mundo interior, ficando,
progressivamente, entregue às próprias fantasias.
Mania e melancolia ou psicose maníaco-depressiva
— caracteriza-se pela oscilação entre o estado de extrema euforia (mania) e
estados depressivos (melancolia). Nos estados de depressão, o indivíduo pode
negar-se ao contato com o outro, não se preocupa com cuidados pessoais
(higiene, apresentação pessoal) e pode mesmo, em casos mais graves, buscar o
suicídio. Na mania ocorre mania de grandeza e pode ocorrer delírios de ser uma
pessoa de sucesso.
PERVERSÃO:
 “O Negativo da Neurose!”
Filmes: Hannibal; O silencio dos
inocentes; Temos que falar sobre Kevin
Na Psicanálise,
a partir de 1896, o termo
perversão foi adotado como conceito, que assim conservou a idéia de desvio sexual
em relação a uma norma. 
Não
obstante, nesta nova acepção, o novo conceito é desprovido de qualquer
conotação pejorativa ou desvalorizadora e se inscreve, juntamente com a psicose e
a neurose, numa estrutura clínica diagnóstica.
As
pessoas estruturalmente perversas não se relacionam com o outro como uma pessoa
inteira, percebendo a realidade psíquica desta outra pessoa. O perverso toma o
outro como um objeto ou parte deste torna-se objeto fetiche. A finalidade do
perverso é sempre sua satisfação sem considerar o outro.
Importante
dizer que um perverso não tortura necessariamente sua vítima de forma física,
mas pode subjugar sua visão de mundo.  Em
diferentes graus
cometem abusos de poder, coerção moral, chantagens e
extorsões com muita facilidade.
Abaixo
algumas características comuns:
·       
Traços impulsivos, agressivos, hostis,
extrovertidos;
·       
São extremamente confiantes em si mesmos;
·       
Baixos teores de ansiedade;
·       
Ausência de sentimento de culpa ou remorso;
·       
Narcísicos e vaidosos;
·       
Atos e comportamentos antissociais;
·       
Criadores de intrigas e conflito no meio em que
se encontram;
·       
Sexualmente ativos e pervertidos;
·       
Indiferentes ao afeto ou reação do outro (dificuldade
marcada na capacidade de empatia).
Infelizmente
na contemporaneidade traços perversos
têm sido “valorizados”
– onde o esperto e o malandro que se dá bem é
valorizado em detrimento do “certinho”, numa verdadeira inversão de valores e queda do que chamamos função paterna de
LEI.
A
falta de compromisso com o outro, a ausência de empatia e culpa são
erroneamente e romanticamente confundidos como capacidade de liderança, pulso
firme, poder  e influencia
pessoal.
Filmes sugeridos:
Cisne
negro / Uma Mente Brilhante / O número 23 / Um Estranho no Ninho  / Temos que falar sobre Kevin / Silêncio dos
Inocentes / Melhor é impossível / O Aviador/ Bicho de Sete Cabeças
Séries:
Bates Motel

Psicóloga Ana Amorim de Farias

CRP 06/39859-9

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