Estruturação do sujeito – Contardo Calligaris


Qualquer tipo de estruturação do
sujeito, seja neurótica ou psicótica, é uma estruturação de defesa, no sentido
freudiano, no sentido em que Freud fala de psiconeurose de defesa. É uma estruturação
de defesa na medida em que se subjetivar, existir como sujeito (barrado pela
castração, como na neurose, ou não, como na psicose), obter algum estatuto
simbólico, alguma significação é necessário para que o sujeito seja algo
distinto do Real do seu corpo, algo Outro e mais do que alguns quilos de carne.
Por isso o sujeito se estrutura em uma
operação de defesa.
De defesa contra que? Contra o
que seria, imaginariamente, o seu destino se ele não se defendesse se
estruturando: ser — reduzido ao seu corpo — o objeto de uma Demanda imaginária
do Outro, se perder como objeto do gozo do Outro. A operação de defesa implica
um certo tipo de metáfora, ou seja, implica — é o próprio da metáfora — que a
significação possa prevalecer, possa substituir ao pedaço de carne uma
significação subjetiva. Como a metáfora permite isso? Precisa que algo
prevaleça sobre a Demanda imaginária da qual seríamos objeto e de preferência
um saber sobre esta Demanda mesma. Assim, referidos à Demanda somos objetos do
gozo, referidos ao saber sobre a Demanda temos uma significação que nos mantém
defendidos, como sujeitos.

(Introdução a uma clínica diferencial das psicoses. Calligaris, Contardo. Artes Médicas. Porto Alegre. 1989 )

Psicóloga Ana Amorim de Farias

CRP 06/39859-9

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