Quem faz análise geralmente fala que todo mundo tem que fazer. E quem não faz, fala que não é assim. Como é, na verdade?
Acho que não é verdade que todo mundo tem que fazer. Acho que é um equilíbrio complicado, uma alquimia complexa. Não sei nem se a gente pode dizer que todo mundo pode fazer. “Poder”, do ponto de vista de ter, sei lá, isso a grande maioria pode, tem a possibilidade de fazer uma análise, mas é preciso uma predisposição subjetiva. É um equilíbrio curioso, porque é tempo, é uma complexidade na vida. Não é necessariamente penoso. Pode ser extremamente interessante; e deveria ser. Teve uma época em que estava na moda pensar que uma análise deveria ser necessariamente um processo penoso e angustiante. Que, aliás, se você não se angustiasse, isso demonstraria que você não estava tocando nas questões importantes. Pode ser um processo divertido – divertido, além de interessante, no sentido de que um paciente e um analista podem tranquilamente rir em uma série de circunstâncias. E não é raro que seja um processo em que o cara espera o dia da sua sessão ansiosamente.