Em um dia qualquer duas senhoras se encontraram.
Uma delas estava com uma criança pela mão. Cumprimentam-se e a segunda logo disse:
– Que linda menina! Que lindo vestido.
A primeira sorrindo orgulhosa responde:
– Obrigado. E olha esta não me dá trabalho nenhum. Não é como as outras crianças…que a gente vê… danadas.
A dona do elogio, emenda:
– Que sorte você tem. E se dirigindo à menina: – Fala boneca, quantos anos você tem?
Como a menina nada responde, a mãe logo retruca, se desculpando:
– Ela é um pouco envergonhada.
As senhoras continuaram a conversa animadamente. Depois de algum tempo se despediram e voltaram às suas obrigações.
Aconteceu num dia qualquer e a menina não se esqueceu.
P.S: Este texto é um alerta a todos os pais. A criança que não brinca, que é muito quieta, sofre e a perfeição é o preço de uma existência sem sentido anos depois, sentido que pode ser extremamente difícil de resgatar.
Dedico o texto a todas as crianças que não puderam SER.
Ana Amorim de Farias, 1997