Ansiedade e Psicanálise

Ansiedade e Psicanálise

O termo ansiedade tem origem no latim na forma de anxietas.atis. com definição em nossa língua como um substantivo feminino que designa desconforto físico e psíquico; angústia; aflição; agonia.

Diante de uma situação que gera longa espera,  expectativa(s),  que seremos avaliados,  teremos um grau de exposição ou uma situação nova, podemos ficar ansiosos,  o que é uma reação emocional natural. A ansiedade passa a ser patológica quando gera um reação excessiva , um sofrimento que nos impede de realizar algo necessário ou que desejamos, de interagirmos socialmente e/ou   inclusive mal-estares físicos: sensação de falta de ar e/ou asfixia; tremores, fadiga, palpitações, tremores, suor em excesso, taquicardia,  náuseas, tonturas, boca seca,  mãos suadas e frias. Sinais de alerta  para a necessidade de intervenção psicoterapêutica e, paralelamente  em alguns casos, medicamentosa.

A ansiedade saudável tem seu lugar em nosso psiquismo, é importante em nossas vidas.  Ela  nos move mais rápido em direção ao futuro quando é  esse o intuito e ao que desejamos e pode ainda nos colocar atentos em relação a situações que nos são desfavoráveis/desconfortáveis ou mesmo perigosas.  Mas, quando ela aparece excessiva e patológica é hora de nos questionarmos e se houver sinais de alerta procurarmos ajuda de um profissional experiente e acolhedor.
A ansiedade  saudável e comum em todos nós, ao se tornar desgovernada, mal distinguimos o que é real do que criamos e imaginamos.
É  comum as pessoas excessivamente ansiosas terem pensamentos catastróficos e negativos que irão perturbar e invadir seu dia-a-dia e que podem ser acionados por noticiário, demandas do trabalho, notícias familiares, necessidade de se expor ou outros eventos que antes não geravam sintomas, sejam relacionados ao medo da morte ou de passar situações de humilhação ou desonra. O ansioso se sente mais vulnerável ao julgamento alheio e/ou próprio julgamento. Os sintomas com a frequência que ocorrem   poderão inibir tarefas cotidianas e vida social.

Os transtornos de ansiedade, foram divididos em cinco categorias: transtorno de pânico (TP), fobias, transtorno obsessi­vo compulsivo (TOC), transtorno de estres­se pós traumático e transtorno de ansieda­de generalizada (TAG).

A ansiedade patológica para psicanálise é  um sintoma e claramente precisa ser reconhecida  como um fenômeno que vai além de processos neuroquímicos como defende o discurso médico científico diante do diagnóstico dos transtornos de ansiedade.

Para a psicanálise a ansiedade quando excessiva é  um sintoma e está dentro de um contexto histórico da vida daquele paciente e envolve aspectos inconscientes que serão analisados. Discutir e compreender a ansiedade como  sofrimento  com significado neste aspecto de um todo é  voltar à subjetividade, ao questionamento, a complexidade do humano que sofre.

Estudos têm demonstrado a eficácia da psicanálise no tratamento de transtornos de ansiedade, depressão e outros problemas emocionais. Por exemplo, um estudo realizado por Leichsenring e Rabung (2008) revisou 23 estudos que compararam a psicanálise com outras formas de terapia e descobriu que a psicanálise era mais eficaz a longo prazo.

Outro estudo realizado por Levy et al. (2016) avaliou a eficácia da psicanálise no tratamento da síndrome do pânico e descobriu que a psicanálise foi eficaz na redução dos sintomas em longo prazo.

A psicanálise é muito eficiente no tratamento da ansiedade, pois não vê os sintomas apenas como causados por crenças geradas por nossa consciência e ligados ao fato em si que desencadeia os mal-estares. Os fatos são gatilhos. A ansiedade excessiva  está relacionada a traumas,   conflitos, medos profundo e  omitidos ou não  disponiveis a consciência, que estão  no nosso inconsciente.
Importa ao analista compreender a história não apenas do sintoma , mas daquela pessoa e da pessoa com seu sintoma. Os conflitos, medos e traumas  ocultos da nossa consciência assim o estão por  defesas inconscientes  em relação a integridade do eu,  da nossa  imagem ou por algo ser doloroso demais.   O analista irá  ajudar a percorrer o caminho para  compreender as associações dos sintomas que trazem sofrimento no presente com as ligações inconscientes.
O que ocorre na psicoterapia de base psicanalítica e/ou num processo de análise são as descobertas acerca da ansiedade, evitando que apenas se transfira o sintoma para uma outra situação.

Ana Amorim de Farias

Referências:

FERREIRA, Florência Cavalcante de Sousa. O transtorno de ansiedade (TA) na perspectiva da psicanálise. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 12, Vol. 02, pp. 118-128. Julho de 2023. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/transtorno-de-ansiedade

Leichsenring, F., & Rabung, S. (2008). Effectiveness of long-term psychodynamic psychotherapy: A meta-analysis. Jama, 300(13), 1551-1565.

Levy, K. N., Meehan, K. B., Kelly, K. M., Reynoso, J. S., Weber, M., Clarkin, J. F., & Kernberg, O. F. (2006). Change in attachment patterns and reflective function in a randomized control trial of transference-focused psychotherapy for borderline personality disorder. Journal of consulting and clinical psychology, 74(6), 1027-1040.

Psicóloga Ana Amorim de Farias

CRP 06/39859-9

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