Xavier
Dolan. O q dizer do diretor da obra-prima “Eu Matei Minha Mãe”, realizado no
alto de seus 20 anos de idade?
Dolan. O q dizer do diretor da obra-prima “Eu Matei Minha Mãe”, realizado no
alto de seus 20 anos de idade?
“Amores Imaginários”, “Laurence Anyways”, todos
imperdíveis, filmados antes de completar 23 anos…
“Mommy”, vencedor de Cannes deste ano (com
Godard), segue o nível dos 2 últimos, excelente.
Filmado com a câmera em close full time, extrai
interpretações brilhantes de seus 3 protagonistas. Um filho no auge da
delinquência é forçado a ficar com sua mãe, após ser expulso de inúmeras
instituições. A relação amorosa de ambos flerta com o limite da violência, até
q sua obsessiva vizinha, gaga, entra no jogo para apartar, meio sem saber seus
porquês. Esta acaba encontrando uma oportunidade de libertação de suas amarras
e leis.
Esta trama entre os personagens – vizinha
obsessiva sem vida, e filho/mãe histéricos pândegos – fez-me lembrar do
clássico “Aquele que Sabe Viver”, de Dino Risi.
Quanto à semi-incestuosa relação mãe e filho, com
a típica dificuldade daquela em conter as explosões deste, cito um comentário
do psicanalista Joel Birman, comentando o texto freudiano “Uma Criança é
Espancada”, onde um pai espanca seu filho. Birman propõe que Freud poderia ter
dado outro título ao texto: “Um Pai é Humilhado”. Diz q se um pai (ou mãe), com
todo o conhecimento a mais do q uma criança, com todo a força física a mais,
com todo o direito constitucional sobre o filho, com toda a experiência de vida
a mais, ainda assim espanca uma criança, isto ocorre por conta deste pai não
conseguir sustentar o distintivo paterno. Ou seja, o pai, rebaixado diante da
própria incapacidade de exercer sua função, é humilhado ao espancar, assumindo
assim sua condição maior de fracassado e impotente.
Em “Mommy”, a personagem da mãe encarna plenamente
esta trágica condição proposta por Freud e Birman.
Enfim, o único senão do filme é um quê “novelesco”
de sobe-e-desce, um tanto previsível.
Não percam mais este ótimo trabalho de Xavier
Dolan, um dos melhores diretores da atualidade, de potência artística
precocemente madura e consistente