FRANÇOISE DOLTO – BIOGRAFIAS

Françoise
Dolto (Françoise Marette) (1908 – 1988) nasceu em Paris, em 1908, quarta
filha de sete irmãos, numa família parisiense, de cultura cristã, de boa
posição econômica. A irmã mais velha faleceu com 18, quando Dolto tinha 12
anos. Casou-se com Boris Dolto. Tiveram dois filhos, Yvan-Chrisostome Dolto e
Catherine Dolto.


Foi marcada, na
infância, pela reação daqueles que ficavam inquietos, irritados ou angustiados
com o que chamavam de sua “loucura”: sua originalidade, sua imaginação, suas
idéias.
Destacam-se em Dolto a
originalidade pela condição de pensar sob diferentes vértices, e a
espontaneidade de manifestar-se de maneira inovadora sobre questões arraigadas
no conservadorismo de sua época. Foi uma mulher de vanguarda. Enfrentou, com
coragem, dificuldades importantes desde a infância, a partir do âmbito familiar
onde não foi compreendida. Queria ser “médica de educação”. Preocupou-se com a
ética nas relações humanas valorizando a comunicação. Afirmava que a criança,
antes mesmo de usar uma linguagem verdadeira, já se comunica, à sua maneira, com
o corpo. Aprende a se locomover engatinhando e começa a querer libertar-se de
seus pais, exprimindo desejo de autonomia.
Preocupou-se com a
possível prevenção de problemas em relação aos pais e à cura dos filhos, por
meio da compreensão dos afetos.
Em análise com René
Laforgue, descobriu como se relacionar com sua mãe, o que até então a deixava
infeliz. Compreendeu que submeter-se aos seus maus tratos por respeito filial
não ajudava a diminuir o sofrimento neurótico de sua mãe e nem o seu. Vivenciou
uma transformação que lhe deu condição para enfrentá-la e desfrutar os últimos
anos de sua vida com ela “realmente encantadora”. Valeu-se desta experiência,
com sucesso, na análise de um paciente que vinha sendo mau tratado pelo pai e
se tornara gago. Anos depois, na rua Le Goff¹, ficou muito contente quando
encontrou-se com o ex-paciente, livre do problema, estudante da Sorbonne.
Dolto foi
especialista, uma das pioneiras, em psicanálise de criança. Desenvolveu
importante experiência clínica e foi reconhecida pela eficácia do seu trabalho.
Popularizou o conhecimento teórico, sobretudo por meio do rádio, acerca de
vários temas dentre os quais a separação dos pais. Chamou a atenção para o
sofrimento da criança ligado ao “não dito” e à falta de verdade, ainda que justificados
como sendo para o bem da criança.
Em 1953, em meio a uma
crise na Sociedade Psicanalítica de Paris (SPP), Jacques Marie Émile Lacan
deixa a SPP junto com um grupo de estudiosos de grande densidade intelectual,
dentre os quais Françoise Dolto, Daniel Lagache, Donald Woods Winnicott e
outros cerca de 40 analistas. Fundam a Sociedade Francesa de Psicanálise (SFP),
anos mais tarde, em 1963, admitida pela Associação Internacional de Psicanálise
(IPA).
Dolto faleceu com 79
anos, deixando ampla obra de alcance internacional por sua originalidade de
pensamento e compreensão de questões psicanalíticas na época em que viveu e na
contemporaneidade.
Referências
bibliográficas:
MANIER, A.
E MANIER C. Auto-Retrato de Uma Psicanalista 1934 –1988. Tradução: Dulce Duque
Estrada. Jorge Zahar Editor Ltda, RJ, 1990.
DOLTO, F.
Quando os Pais se Separam, 1988. Tradução: Vera Ribeiro, Jorge Zahar Editor
Ltda. RJ, 1989.
DOLTO, F.
Solidão, 1998. Tradução: Ivone Castilho Benedetti, Edit. Martins Fontes, São
Paulo, SP, 1998.
DOLTO, F.
Tudo é Linguagem, 1999. Tradução: Luciano Machado, Edit. Martins Fontes. São
Paulo, SP, 2002.
http://www.monsieur-biographie.com/celebrite/biographie/francoise_dolto-5388.php
http://br.geocities.com/jacqueslacan19011981/cronologia.htm
Resenha elaborada
por Helena Lúcia Alves de Lima Furtado, psicanalista em formação no Instituto
da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto.

Psicóloga Ana Amorim de Farias

CRP 06/39859-9

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