O Espaço e o Self – Gilberto Safra

“O ser humano precisa apropriar-se do espaço no mundo. A dimensão criativa do ser humano, que se constitui no gesto, dá ao individuo a possibilidade de tomar o espaço como elemento participativo do seu self. Quando uma criança elege um objeto transicional, ela toma um pedaço do mundo e o posiciona na ordem das coisas de maneira distinta e pessoal.Uma fralda deixa de ser o objeto utilizado pela mãe em seus cuidados com o bebê, para adquirir um novo lugar: ser um objeto pessoal da criança. Isto significa dá início a um processo de desconstrução do mundo, para reconstruí-lo posteriormente. É um processo que, na verdade, perdura a vida toda. É claro que essa situação depende da maneira como ela estabeleceu a confiança básica  e o seu lugar no mundo.
O acesso aos fenômenos transicionais (tanto na eleição do objeto quanto no estabelecimento do espaço transicional) leva a criança a poder abrir no mundo um espaço pessoal. Esta é a porta de entrada para que o espaço pessoal possa cobrir a cidade, o país, o mundo. Percorrer os territórios do mundo é descontrui-lo para torna-los próprio. A impossibilidade de realizar este trabalho faz com que o espaço do mundo seja lugar de estranhamento, de angustia agorafóbica e de ansiedades paranóides.”

(Safra, Gilberto. A Face estética do Self – Teoria e Clínica. São Paulo. Unimarco Editora. 1999. págs, 88 e 89)

Psicóloga Ana Amorim de Farias

CRP 06/39859-9

Compartilhe

Facebook
WhatsApp
E-mail